Há certo tempo, adquiri um punhado de revistas que considero um negócio da China. São edições antigas de TEX, o personagem mais conhecido do universo de quadrinhos Bonelli, que também possui outros personagens, todos trazendo arte e aventuras claramente dirigidas para o público adulto, o que considero muito bom, pois há muito se ouve, por aí, que histórias em quadrinhos são um tipo de leitura para crianças, e dizem isso como se fosse algo anormal, inadequado, inóquo a um adulto ter vontade de ler historinhas em quadrinhos, assinar pacote de revistas, participar de grupos na Internet para trocar uma ideia com os demais. A ignorância do brasileiro fiscal de fiofó alheio é demais.
Hoje, alguns desses preconceituosos agem como autoridades no assunto ao vomitar suas pérolas de excremento nas redes sociais e plataformas de vídeo. A essas hienas carnicentas eu digo: dinheiro não leva desaforo para casa. Se eu tenho como obter minhas revistas, se posso lê-las em paz, se gosto desse tipo de lazer, não cabe a ninguém mais fazer julgamento se este ou aquele material a ser consumido é adequado para mim, pois eu, simplesmente, não tenho que dar satisfações a ninguém sobre cada coisa que leio. E, sim, posso compartilhar, mostrar minha felicidade e meu descontentamento também, quando houver, e ninguém tem o direito de abrir os bicos trevosos no intuito de desmoralizar minhas preferências.
Publicado no Brasil desde 1951, Tex até hoje tem uma legião de leitores bonelianos, é assim que eu chamo os admiradores do universo de quadrinhos Bonelli. Em 1971, vinte anos depois, Tex ganha sua própria revista pela editora Vecchi. Até então, as aventuras eram publicadas em uma outra, intitulada de "Júnior", que era horizontal, da editora Globo e dizem que lembrava um talão de cheques. Eu nunca vi, nem sei se me agradaria o formato. O que importa é que a publicação ultrapassou gerações e continua, agora, pela editora Mythos, embora outras editoras também consigam trazer alguma coisa, atualmente, o que é bom, pois representa interesse na continuidade do legado boneliano.
A foto que verá abaixo tem data de 2021, mas as revistas provavelmente foram publicadas muito tempo antes, pois eu as encontrei à mostra em uma feira de antiguidades bem manjada para quem mora em Ribeirão Preto e costuma ir ao Novo Shopping. Seu excelente estado me impressionou: elas chegam a cheirar como novas, indicando que foram pouco manuseadas ao ler, se é que foram lidas -- eu mesmo, ainda não criei vergonha na cara para lê-las; estão guardadas em meio a outras mil e tantas.
Se alguém nunca viu uma dessas revistas, elas são um pouco menores em relação ao tradicional padrão "formatinho" que contemplou a maioria dos títulos mais simples do que os gibis que costumavam ir às bancas. Pouca coisa de diferença, mas é algo que se nota ao ler os balões dos diálogos, por exemplo, que ficam menores e dificultosos ao público que tem mais de 40 anos. As imagens dos quadrinhos nas páginas são em preto e branco, sem essa de tons de cinza, apenas preto e branco em uma arte muito bem detalhada, feita por desenhistas de primeira, que manjam bastante de anatomia, luz, sombra, perspectiva, eles são, de fato, excelentes nos desenhos.
Como adquiri um bom par de óculos de leitura, percebo maior conforto para ler e escrever. Não fico mais mexendo a musculatura do rosto ao redor dos olhos, como era frequente fazer e achava normal, porém me cansava, meus olhos até ficavam lacrimosos. Quem sabe, agora, eu me aventuro nesse universo também?
Embora já tenha se passado quatro anos desse dia, digo que esse não foi meu primeiro contato com os quadrinhos Bonelli. A foto a seguir traz a data de 10 de Janeiro de 2019, uma aventura chamada: "As Escravas Do México". Eu li a revista naquele mesmo período, mas confesso para vocês que não me lembro de praticamente nada que tenha uma certa consistência a qual me propiciaria compartilhar como foi essa experiência. O que lembro são vagas cenas de algumas páginas, que gostei e na época fiquei querendo mais, só que acabou aí.
Saudades de quando o pobre (como eu) podia comer um combo básico no Burger King. Durante um bom tempo, fiz a migração para o Méqui. O lanche não era tão bom quando o do King, mas as batatinhas e o refrigerante 500ml faziam compensar. Como sou muito ferrado, cada centavo faz a diferença, e isso fez com que, esta semana, eu me despedissse também de ser um cliente assíduo dessa rede. Sumiram com o combo básico, "Irresistíveis do Méqui", onde, por R$ 15,98, você comia um hamburguer mirrado, uma porção satisfatória de batatinhas e 500ml de refri. Substituiram-no por um outro que custa R$ 22,90 (não lembro se é 90 ou 99 centavos). Olhei e percebi que se tratava do mesmo combo de sempre, mas acrescido da oferta da tal sobremesa (soverte de casquinha) de baunilha. Então, agora, eu era forçado a obter a casquinha de baunilha... Mas, se fosse só isso, até que estava bom. Só que não!
O hambúrguer era o mesmo sem-vergonha de sempre. Como eu odeio esse hamburguer do Méqui! Será que eu posso falar que odeio o hambúrguer do Méqui? Tô com medo! Sério! Ah, Ah!
Mas ele é tão pequeno, simples e esquisito... Sei lá, a textura é estranha, o cheiro também, parece que o pão foi achatado nas virilhas dos funcionários, antes. É muito... sei lá! Mas, a gente come, né?
As batatinhas que eu amava foram a minha maior decepção: a porção que já era pequena, mas eu até considerava satisfatória, foi reduzida pela metade. Sério! Achei o cúmulo da safadeza! Minha vontade era voltar lá e mandar enfiarem aquilo no..., mas pobre e gordo tem um amor imenso à comida, então, mesmo contrariado, eu comi.
Para completar, o refri que era de 500ml mudou para 300ml, mas era um copinho minúsculo do que parece ser papel encerado (hoje em dia é padrão em todo lugar) cheio de gelo. Eu comprei gelo com coca, em vez de coca com gelo!
Sem falar nas bandejas sujas que simplesmente são reaproveitadas sem serem limpas. É, agora que estou revoltado, não vou passar pano para a falta de higiene dessa rede que nos oferece comida em bandejas sujas, tão sujas que dá para ver os farelos do cliente anterior na beirada delas, ou o brilho ensebado da gordura do lanche, a sujeira que foi tirada com um esfregão de um guardanapo. Em algumas, é possível notar os resquícios de catchup.
E o sorvete? Estava bom? Uma bosta! Era obrigatório pedir o sorvete no mesmo balcão em que retirei a bandeja com o lanche, eu tinha que guardar a tal da notinha, eu não podia ir no guichê ao lado, que era só para os sorvetes. Um porco me atendeu e colocou o creme de baunilha de qualquer jeito na casquinha. Parecia uma Torre de Pizza. Deu vontade de enfiar na bunda dele, mas, se eu fizesse isso, era bem capaz de ele me seguir para descobrir onde eu moro (querendo mais).
Enfim, vou ficando por aqui. Não lamento ficar sem essas redes para consumir. Tudo tem seu lado bom. Lamento é que o Brasil esteja à mercê de produtos que só pioram. Comida cara servida em bandeja suja, e ainda te olham como se lhe fizessem um grande favor, só faltam dizer "não encha o meu saco". Mas, infelizmente, é o que o povo geralmente gosta e merece. Sim, o povo merece.


Fabiano!
ResponderExcluirLegal sua postagem.
Tex, é o melhor quadrinho mensal publicado no Brasil hoje, sem dúvida nenhuma.
Eu adoro as histórias grandes de mais de 300 páginas, que saem no Maxi Tex ou Superalmanaque Tex.
Engraçado, que leio essas 300 páginas ou amis e nem vejo o tempo passar.
O Kit Carson, é o melhor coadjuvante de todos os tempos.
Dou muita risada com ele.
Hoje, o formatinho migrou para o formato italiano e eu gostei.
Mas eu gosto muito do Tex Gigante.
Histórias e arte sensacionais.
Tem também a biblioteca Tex Panini, em formato magazine e quase sempre colorida. É muito boa.
Quanto a MaCdonald e Burguer King... Tô fora!
Aqui em Barretos tem muitos lanches, feitos com hamburguer caseiro, assados na churrasqueira, meu Deus... Muito, muito, muito melhores que esses lanches sintéticos.
Um abraço!!
Pelo jeito, você gosta muito do Tex. De uns tempos pra cá, tem Tex de tudo que é jeito. E os preços, idem. O formatinho, eu penso, não cabe mais para os dias de hoje. O formato italiano é pouca coisa maior em relação ao formatinho, mas ajuda a melhorar a experiência, principalmente para leitores que estão conhecendo agora a revista ou para os dinossauros que precisam de óculos para ler.
ExcluirBarretos, cidade turística da festa de peão. Sempre ouvi falar que come-se bem por aí, em todos os sentidos. Muito bom. Estamos no interior do mesmo Estado. Como é o friozinho de outubro pra você. Ah, Ah! Aqui em Ribeirão costuma ser uma fornalha, então só agradeço por esses dias.
Um abraço
Peculiar essa postagem que mistura Tex e MéquiS, como diria o Mussum. Como já te falei, conheci o Tex ainda adolescente, nos anos 70. Tenho várias revistas do Tex no formato compilado que eles publicaram durante anos (não sei se ainda publicam), e tenho uma grande quantidade de revistas mensais em formato digital.
ResponderExcluirquanto ao Méqui - do tempo em que eu comia fastfood, hoje não mais - eu nunca gostei. Achava o Big Mac uma coisa ridícula, sempre gostei mais do Bob's. Mas larguei esse vida de comilão de besteiras - eu comi muita besteira entre os 20 e os 40 - nunca fiquei obeso de ruim que era. Viciado em coca-cola durante décadas, tenho hoje como recompensa - uma gastrite crônica que de vez em quando ataca.
Não tem nada melhor que a comida de casa, feita por nós mesmos. No entanto, gosto de comer por aí também. Eu era apreciador de rodízios de pizza e churrascaria, por aqui tem muitos restaurantes onde você paga um valor fixo e come à vontade, só que os preços desses lugares subiram muito. Tudo tem seu preço. Se for para oferecer qualidade real, não tem como fazer barato. O problema é que comer nesses shoppings é pura enganação. A comida não tem a qualidade que se espera e acontece até de ter barata andando lá e cá nesses lugares. Já vi, uma baratinha zanzando em um lugar famoso que vende macarronada. Mas acredito que ela tinha saído do local ao lado.
ExcluirUm abraço, Eduardo.
Rodízio de massas era meu segundo vício gastronômico. Era.
ExcluirTem uma banca no centro de Fortaleza que tem um monte de Tex. Eu nunca me interessei pela leitura de faroeste. Mas sei que existem muitos fãs do gênero. Muito boa sua postagem. MacDonald eu gostava, mas agora o sabor parece mais industrializado ainda. Não sei explicar. Prefiro Kalzone. Grande abraço, Fabiano!
ResponderExcluirAqui ainda tem algumas bancas, não muitas, mas as que restaram se encontram em pontos estratégicos. Tem muitos quadrinhos de Tex, DC, Marvel e turma da Mônica lá. Um grande abracopra você também.
Excluir"óculos de leitura"
ResponderExcluirPara mim, essenciais. Não dá mais para forçar lendo sem eles. Torna-se uma tortura, não um prazer.
A qualidade da comida vem caindo e sua quantidade também.
As revistas parecem novinhas na foto. Ou melhor: estão. Foram guardadas com carinho.
Abraços!
Continuam sendo guardadas com muito carinho. Um abraço
ExcluirBoa noite Fabiano
ResponderExcluirSua crônica prova, que o verdadeiro herói é o leitor que sobrevive às aventuras da vida real entre gibis cheirando a passado e hambúrgueres com gosto de decepção. Uma crônica deliciosa, no melhor estilo sincerão: cultura, humor e indignação servidos na mesma bandeja.
Amei!
Abraço
Fernanda
Fabiano,
ResponderExcluirVim ler agora nesse início
de noite, mas não
vou comentar agora.
Ainda mais com esses seus
leitores feras que animadamente
comentam acima.
Vou comentar sim, mas despois.
Bjins de fim de sabado
CatiahôAlc.
Tudo bem, não se preocupe.
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