domingo, 12 de outubro de 2025

TURMA DA MÔNICA E GARFIELD


 "Turma da Mônica & Garfield em: O Lápis Mágico: Uma Omniaventura", para mim, trata-se de um trabalho emblemático que os estúdios do Mauricio de Sousa produziram nessa fase atual da editora Panini. O tamanho é generoso: são três revistas grandes, no estilo dos "Clássicos do Cinema" da turminha, contendo apenas 36 páginas no total. Isso mesmo, incluindo a capa e a contracapa. 

A arte em geral está linda, tanto nas capas quanto nas páginas que, por sinal, estão branquinhas. As capas são moles, de fato, bem ao estilo de "Clássicos do Cinema". Acredito que foi uma forma de tornar mais acessível, apesar do preço de cada uma terem sido brutais R$ 12,90. Será que não podiam ter deixado por R$ 9,90? As revistas foram publicadas em 2022, sendo a primeira em Março, a segunda em Abril e a terceira em Maio. Nas bancas, com um pouco de sorte, era possível encontrá-las um pouco depois desse período.

A história começa com uma apresentação sobre a Marina ser filha do Mauricio real e ter ganhado dele um lápis mágico. Em uma das brigas de Bidu e Bugu, os dois acabam indo parar no núcleo da Mônica, bem quando Mônica está com Marina e ela mostra seu lápis mágico. Bugu aproveita, toma o lápis dela, sai correndo e abre um portal, rapidão, fugindo para outra dimensão. Ele vai parar no universo de Garfield. O gato não fica nada feliz ao constatar a presença dele em uma segunda-feira de manhã. Vale lembrar que Garfield nunca fica feliz às segundas-feiras, ainda que nada aconteça. Ainda na primeira revista, Garfield vai com Bugu para o universo da turma da Mônica. O desfecho dessa situação atribui alguma importância à participação da Milena.

Na segunda revista, Marina leva a turminha para uma visita no universo do Garfield. Vão Marina, Bidu, Bugu, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. Apesar de surpreso e de ser (de novo) segunda-feira, Garfield está receptivo, deixando todos bem à vontade em casa, mas tão à vontade que Magali foi xeretar no que tinha para comer e é nesse momento que nos deparamos com um vilão: o monstro de lasanha. Na verdade, ele já tinha aparecido na primeira revista, com Capitão Feio, mas apenas para nos fazer entender que haveria uma continuação. 

O monstro pegou a Marina. Velhotes como eu, ao bater os olhos na cena, se lembram do clássico momento em que King Kong pega a loura linda. Ainda bem que não trocaram a Marina pela Milena. A Marina é bonita e representa bem a referência da mulher no icônico filme do gorila. A Milena, nem tanto. Na verdade, acho que "comeram bronha" sobre isso. Em tempos onde a Disney muda Ariel sereia e até a própria Branca de Neve, daria perfeitamente para a Milena ter sido colocada no lugar da Marina, mas sequer introduziram a menina nesta edição. Abafa... rsrs...

Preciso dizer que, como essa parte se passa no universo do Garfield, colocaram alguns personagens dele também, em pontas, o que achei super válido, pois eu nem conhecia todos. Eu nem sabia, por exemplo, que tinha um palhaço. Também achei legal o Garfield atual contracenando com o dos primórdios, bem mais balofão e antipático.

A terceira revista é focada no resgarte de Marina. Ela e o monstro de lasanha vão parar em um lugar chamado Omniuniverso, uma espécie de local transitório, um tipo de vácuo ou buraco negro entre os demais universos. É lá que uma batalha acontece. Sim, pois muita gente é chamada para uma verdadeira guerra. Coisa do Capitão Feio. Vilões de vários núcleos da turma da Mônica e do Garfield contra os mocinhos de cada núcleo. 

Críticas
Apesar de muitos personagens fazerem suas pontas e da grande movimentação na trama, achei a edição mais fraca dentre as três. Talvez, muita gente possa discordar, encantados que tenham ficado com a enxurrada de personagens. Eu preferiria algo mais envolvente e coerente, ainda que o núcleo permanecesse reduzido. A intenção real foi apresentar aos leitores a variedade de personagens que compõem tanto a turma da Mônica quanto o universo do Garfield. De certa forma, foi interessante, principalmente em relação ao gato.

Achei a palavra "omniuniverso" nada a ver. Uma palavra que não é fácil de se guardar na mente e nem tem relevância. Alguma criança aprendeu o que significa isso? Não. E os velhões? Nem fomos atrás de pesquisar. Pois é... Poderiam ter deixado apenas como "Turma da Mônica & Garfield" ou, já que fazem questão de um subtítulo (desnecessário), em vez de ser "O Lápis Mágico: Uma Omniaventura", poderiam simplesmente ter colocado "O Monstro de Lasanha", ou "Uma Aventura com o Lápis Mágico", qualquer coisa mais fácil e que estimule o imaginário infantil. "Omniaventura" não estimula coisa nenhuma, é difícil, é brochante. A própria palavra "omniuniverso" é inóqua.

Alguem teve a infeliz ideia de pensar que esse termo, por ser tão inédito, despertaria a curiosidade nas pessoas. Uma vez curiosas, demonstrariam interesse em adquirir, mas cometo o atrevimento de afirmar que esse tipo de raciocínio não é nada bom quando temos uma evacuação em massa de leitores que não se sentem mais contemplados diante do conteúdo que vem sendo, há tempos, modificado. Quanto mais facilitado é o entendimento do produto -- que tem como finalidade ser algo diferente, interessante, envolvente e divertido --, maior é a chance de aceitação e maior é o consumo. Quanto mais se identificam logo na primeira olhada, mais provável é a chance de consumirem. Coloquem algo esquisito e não gerará atração. Curiosidade nem sempre proporciona vontade, ainda mais quando as pessoas estão arredias. É impressionante que eu, que nem tenho curso superior em publicidade e propaganda, marketing, nada, tenho que dar uma aula para formandos. Mas, enfim, quem é que liga?!

Outro ponto a ser colocado é que, infelizmente, não vi os créditos. Não estão em um lugar fácil de saber quem foi o roteirista, o desenhista, o arte-finalista, o colorista... "Ah, você acha fácil no site tal". Deveriam constar fácil em cada uma das revistas.  

Para terminar, recomendo demais esta aventura em trê partes. Nós, os jurássicos, nos sentimos bem e o público novo também, pois ficará confortável, apesar do risco de não sacarem algumas referências, já que são crianças. Os desenhos e a colorização estão lindos, impecáveis. Vale muito a pena.

Para a versão em vídeo, onde mostro o interior de cada uma (e consegui a proeza de errar a ordem delas), clique aqui

3 comentários:

  1. Não sabia dessa edição.Faz muito que não compro essas revistas pois até os netos já estão grandes! As antigas eu gostava!
    abraços praianos, chica

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  2. Boa Noite Fabiano,

    adorei a leitura do seu texto ele tem algo que poucas análises conseguem: o equilíbrio entre o afeto de quem cresceu com a Turma da Mônica e o olhar crítico de quem entende o peso simbólico das escolhas editoriais. Concordo plenamente sobre o termo “omniuniverso” soa mais como uma tentativa de modernizar à força do que uma palavra que desperte encanto. E você tem razão: o imaginário infantil pede simplicidade, ritmo e magia, não rebuscamento.
    Sua crítica sobre a ausência dos créditos é fundamental. A arte é coletiva, e o reconhecimento deveria ser tão visível quanto as cores vivas das páginas.
    Enfim, seu texto é um presente para quem ama esse universo e, ao mesmo tempo, não fecha os olhos para o que poderia ser melhor. Uma leitura deliciosa, nostálgica e lúcida exatamente o tipo de reflexão que faz a gente lembrar por que ama quadrinhos. Aqui em casa, Clarinha e José amam as revistinhas da Turma da Mônica é sempre uma festa quando chega alguma nova!

    Um abraço 🤗
    Fernanda

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