quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

ARQUIVO CONFIDENCIAL

Algumas pessoas insistem em não me entender e querem que eu continue me envolvendo em política, mesmo que indiretamente. Não adianta eu explicar que não sou militante petista, pois o simples fato de não me simpatizar e dizer para que não votem em bolsonaristas já faz com que, automaticamente, me considerem militante petista. Existem muitas nuances em torno de uma vida, mas ninguém reflete sobre a pluralidade existencial de ninguém. Simplesmente, é mais fácil e cômodo atribuir-me como petista.

Isso me incomoda muito. Até mais do que um gesto homofóbico, pois eu sou apenas um sobrevivente. Eu dependo da minha mãe, dependo de meu companheiro. Uma está gravemente doente, o outro vive com sérias limitações. Apoiar viés bolsonarisrta é como apontar uma arma para minha cabeça, pois eu sou o ser que esse povo quer erradicar, não por ser gay, isso nunca me preocupou entre bolsonaristas. Muitos deles não têm nenhum problema em relação a isso COMIGO. Muito pelo contrário, eu consigo fazer com que sejam mais chegados que os ditos adoráveis de esquerda. Eu não sei por que, mas consigo. A questão é social. Eu sou a barata a ser exterminada na casa do assitencialismo social. 

Eu pago meu INSS, mesmo sem trabalhar. E pago à toa, pois estou com quase oito anos de contribuição e isso não me garantirá aposentar, isso não me garantirá nada. Por que continuo pagando? Porque nunca se sabe em que isso pode me facilitar. Esse país é uma bagunça! Vai que, num futuro próximo, isso realmente me facilita? Eu acreditei, lá atrás, que o país estava quebrado. Acreditando nisso, mesmo trabalhando como autônomo uns vinte anos, nunca paguei INSS. O tempo passou, uma pandemia quase dizimou todo mundo, e hoje as pessoas continuam se aposentando e muitos se aposentarão -- menos eu. Eu vou continuar tomando no cu, porque é o que eu ganho por ter ido na onda desse discurso caótico esses anos todos.

Sou um sobrevivente. Não culpo ninguém. Vivo com o resultado de minhas escolhas. Mas me machuca muito a falta de compreensão nesse viés político. Eu sou um sobrevivente, mas todo mundo prefere me ver como um petista, um esquerdista, e eu que me foda se não gosto que me vejam assim. Pois é, eu que me foda nesta vida. Mais uma vez, eu que me foda.

2 comentários:

  1. Parece que há quem não sobreviva se não for ou do lado da direita ou da esquerda. Não admitem que podemos não aprovar nem um lado nem o outro! abraços, chica

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