Dona Chica fez uma intreração interessante em sua postagem onde pediu para que criássemos algo utilizando as palavras aquilo - detetive - zom. Pode ser uma frase, um miniconto, uma poesia, qualquer texto compreensível.
Quando ela faz essas brincadeiras, a própria postagem já traz a criação dela como exemplo, e eu dei uma risadinha no final do miniconto dela. Adorei. Convido você a ler o que ela escreveu lá, direto no blog dela.
Segue abaixo, o conto que coloquei nos comentários dela e compartilho aqui, para guardar no meu blog. Quem sabe eu o use por aí, em outras publicações na vida.
O INDÍCIO OCULTO DE UM CRIME
Aquilo vinha e voltava na mente do detetive. Aquele corpo nu, visivelmente atirado ao chão frio e duro do cômodo sombrio no interior mais funesto daquele prostíbulo.
Ele tirou fotos e mais fotos. Fez vídeos também.
Agora tinha que tentar dormir, mas dormir de que jeito, se já eram quase cinco da manhã, a adrenalina ainda não baixara e seu celular estava ali, na palma da mão, com todas aquelas imagens que ainda visualizava.
Na tela, o dedo deslizava. Uma a uma, as fotos eram analisadas.
Eis que, em um repente, ele se viu obrigado a dar um zoom.
Olhou, viu que existia um pequeno detalhe que representava a diferença sobre a causa da morte daquela pessoa. Pensava-se, até então, em overdose na veia, pelos indícios do material encontrado ao lado. Chegava ser óbvio.
Agora ele passou a cogitar asfixia.
Um sinal pequeno, leve, como uma ínfima marca de dedo no pescoço. Um local praticamente escondido por causa da posição tosca em que se encontrava a vítima. Só uma das inúmeras fotos conseguiu captá-lo. Um hematoma na região da traqueia. Combinava com a boca entreaberta, a maneira como ela estava. Ela não podia declarar seus verbetes sobre o que lhe fizeram, mas, a seu modo, ajudou os indícios do corpo a alertarem que aquele cenário de vício descontrolado fora forjado.
Será?

Bacana! Esse tipo de desafio traz sempre um estímulo para a mente se soltar mais - mesmo que isso seja provocado pela "obrigação" de utilizar o que foi sugerido. Uma das série de "dezénhos" que me deu mais prazer de criar foi sugerida pelo meu ex-amigo Marreta. Sugestão: tente criar mais mini-contos usando as mesma palavras.
ResponderExcluirSim, Jotabe, é o que chamam de exercício criativo, que ajuda principalmente quem sofre de bloqueios na hora de escrever, pois ele lida com a capacidade da pessoa em criar. Você pega palavras e, sem pensar, escreve qualquer coisa. Depois vai arrumando o que escreveu, como achar melhor. Com o tempo, a pessoa vai aprimorando a técnica. Outro exercício parecido é, em vez de palavras, a pessoa escolhe algo aleatório em que olhou e focou e então escreve o que lhe surgir na mente.
ExcluirTem gente que paga caro, cerca de 800 reais ou mais para aprender isso em um curso de escrita criativa.
Nooooossa,Fabiano. Levaste bem a sério a brincadeira que iniciou lá com "aquilo" na areia da praia e fizeste um baita conto cheio de detalhes e que aguça o trabalho de um detetive!
ResponderExcluirFicou ótimo!
Obrigadão!
abraços praianos, tudo de bom,chica
Foi legal. Eu ri do seu. Foi tão litoral Paulista brasileiro. Ahah.
ExcluirFabiano,
ResponderExcluirAdorei ler!
A Chica provoca essa coisa
boa na gente: nos movimenta.
Até estou aqui imaginando
a cena de seu texto.
Bjins de bom domingo.
CatiahôAlc.
Que bom! Boa semana pra você.
ExcluirFicou tão bom que merecia continuação.
ResponderExcluirA ilustração está perfeita para o clima do conto.
Eu costumava brincar assim com meu filho quando ele era menor. Eu dava umas palavras pra ele e ele tinha que me contar uma história com elas e vice-versa. Ou então, brincávamos de completar histórias. Eu começa com uma frase aleatória e ele tinha que ir contando o resto e íamos revezando. Foram brincadeiras muito boas.
Você deve ser um ótimo pai.
ExcluirOlá Fabiano!!
ResponderExcluirRapaz, aqui tem um começo de conto, novela ou romance policial.
Continue essa hietória!
Ficou muito bom.
Aplausos!!!!!
É só um miniconto mesmo. Obrigado. Eu li o seu post político militante também, mas não soube o que comentar. Você escreve super bem, isso me atrai.
ExcluirKkkkkkkkkkk, tem que comentar que tiver vontade uai!!
ExcluirMesmo que eu não goste, eu tenho que aceitar.
Opinião é opinião.
Eu não quero perder amizade de ninguém por causa de chatices politizadas. Você escreve muito bem. É o que interessa.
ExcluirFabiano,
ResponderExcluirque conto impressionante e que domínio do ritmo narrativo! 👏
Logo nas primeiras linhas, há uma atmosfera cinematográfica: o leitor é conduzido ao ambiente sombrio, sente o frio do chão e o peso da madrugada. A tensão é bem construída, sem pressa o detetive se movimenta entre o impulso e o cansaço, e o leitor vai junto, tateando as imagens com ele.
Gostei muito do contraste entre o que é visível e o que é descoberto pelo olhar atento. O “zoom” não é apenas técnico é simbólico. Representa o mergulho na verdade, a ampliação da percepção. Esse gesto transforma o conto em algo além de um relato policial: torna-se uma reflexão sobre o olhar, sobre o que se revela quando ousamos ver de perto. A sutileza do detalhe a marca quase imperceptível é o ponto de virada perfeito. E o final, com o “será?”, é uma escolha brilhante. Deixa o leitor suspenso, entre a dúvida e a inquietação, sem a necessidade de explicação final.
Sua escrita tem algo raro: intensidade sem exagero. Tudo é dosado com precisão o suspense, o corpo, a investigação. E há ali uma delicadeza curiosa: mesmo diante da morte, a narrativa preserva humanidade.
Um miniconto exemplar, Fabiano. Parabéns por transformar uma brincadeira em um texto que carrega densidade, imagem e inquietação.
Com admiração,
Fernanda
Você não leu só o conto, você deu todo o funcionamento da minha cabeça ao fazer o conto. Tô impressionado.
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