Acordei, hoje, com a notícia de que Jair Bolsonaro tinha sido preso. Jornalistas enchem a boca para falar "foi preso" -- das nove da manhã até agora, meio-dia, perdi as contas de quantas vezes eles falaram isso com muito gosto, sendo que na época dele as emissoras tinham liberdade maior para noticiarem o que quisessem, até fakenews (não estou dizendo que ele era amiguinho da imprensa, não misturem as coisas). Agora, a própria Globo, um grupo gigantesco de comunicação que fez História (e história também, se é que me entendem), corre risco de fechar as portas, se abusar muito. Mas isso é só um tipo de zelo feito com amor e carinho para proteger os cidadãos da desinformação, isso é o que importa.
Não. Não estou defendendo Bolsonaro. Em cima do muro, vejo as coisas de todos os lados possíveis e vejo um país incapaz de deter a bandidagem em massa e por isso se apega a Bolsonaro, ainda, para mostrar que está operante, que a PF não dorme, que o Supremo não é brincadeira. Alías, depois que descobri que Deltan Dallagnol tem um canal e que ele próprio informou que Alexandre de Morais esteve em um jantar de luxo no restaurante Fasano, em Nova Iorque, bancado pelo banco de Daniel Vorcaro, para 150 pessoas, inclusive funcionando em um domingo, algo que não é comum ao restaurante, que o cardápio desse esse jantar é estimado em cerca de 750 reais por pessoa, eu percebo, realmente, que nosso Supremo não está de brincadeira. Não acredita em mim? Veja você mesmo, clicando aqui, mais precisamente entre os minutos 05:00 a 6:35.
A linguagem neutra, agora, etá oficialmente banida, ao menos perante ao que se diz respeito às formalidades governamentais. Acho isso ótimo, demorou muito para tomarem uma posição a respeito. Mas, se estivesse consagrada, também não seria de todo ruim, pois eu adoro a palavra "todes", de verdade, e aprendi a me adaptar aos tempos, pois, quando você cresce e percebe que nasceu em uma família louca e problemática e que você vive sendo tratado como um bosta que nunca será nada, você começa a ter que se virar emocionalmente para sobreviver. Na minha época de jovem, não havia essas politicagens protecionistas de hoje, então minha depressão sempre foi vista como mera frescura porque sou diferente, sou "homisseqsual", então minha cabeça é torta, meu espírito é tomado pelo diabo, por isso padeço dessas coisas. Não é culpa da minha mãe que explorava meu pai e defendia malandros drogados violentos, não é culpa do meu pai que trabalhava feito um burro no campo para arcar com as inconsequências de minha mãe e ainda sustentar um monte de gente que nem vivia conosco, mas era família, então era muita ruindade prosperar, ter dindin e não repartir com ninguém da família. Isso é uma virtude, mas o efeito colateral era a ignorância e a falta de paciência, então ele não me entendia e não gostava de mim, porque eu era o alvo ridículo que todo mundo falava por aí e isso ridicularizava sua família, sua própria vida.
Naquele tempos, anos 80, havia uma preocupação exagerada sobre isso. "A filha de não sei quem tá buchuda...", "O filho do fulano desmunhecou". Essas duas coisas eram a morte para toda família, pois as pessoas falavam mesmo e, sim, já havia o cancelamento, que não era fácil. As pessoas fechavam as portas para algumas oportunidades rumo a um bom futuro. Era como uma regra onde todos deveriam ser impecáveis em virtudes, senão a vida seria muito difícil, ninguém queria ter pessoas mal-faladas por perto.
O tempo passou, o mundo mudou e meu pai viu que tudo isso virou uma grande besteira, ao menos por aqui, então ficamos em paz, só que o estrago já tinha sido feito: virei um nada e morrerei um nada e é assim que as coisas são. É muito fácil dizer coisas e transmitir mensagens e lições quando não é a sua realidade, não foi você quem cresceu, se desenvolveu e fez parte da engrenagem de uma vida inteira de uma família que, graças a Deus, não terá seus frutos para ser continuada, pois nenhum de nós podemos ter filhos, então todo o carma e darma (e sei lá o que mais) se acaba aqui.
Se eu tiver sorte, terei um benefício no futuro próximo, apesar de que ainda pago a previdência social com autônomo, mesmo sem estar trabalhando. Faço há vários anos, mas não o suficiente para me aposentar, então estou -- como dizem -- jogando dinheiro fora, mas sempre ouvi dizer que pagar a previdência social como autônomo era jogar dinheiro fora. Se eu tivesse feito isso desde que saí da metalúrgica e acreditei que trabalhar por conta própria era maravilhoso, hoje eu poderia entrar com minha aposentadoria, então o que eu ganhei em acreditar no que falavam, desde aquela época, foi ver pessoas se aposentando enquanto eu tomo no cu. "Se eu tiver sorte", pois não beijo os pezinhos de quem, agora, concede benefícios até para o aluno ir cagar no banheio da escola. Então, teoricamente, não sou contemplado. Já tentei me bandear, falar bem, mas esquedistas olham na minha cara e não se convencem e eu vejo o incômodo neles, como se eu fosse um tipo de traídor e tal, quando, na verdade, eu não ligo se gostam de bandidos e drogas, eu só quero ficar em paz.
Acho, sim, que todo mundo merece um benefício de verdade, não esmolas, sempre defenderei isso. Enquanto pessoas estão se tornando trilionárias, a pobreza também cresce. Então você vê que existe um erro, que essa desigualdade deveria sumir. Mas não some. Porém, dizem que isso não me faz um esquerdista, principalmente quando não me sensibilizo com morte de bandidos, quando penso que ações como a que resultou em mais de cem mortos do Rio, há pouco tempo, deveriam acontecer toda semana. Essa gente é parasita social, não acrescenta nada à sociedade, só perigo, medo, terror. Se o Estado passa a sustentar pessoas, penso que a tolerância ao crime deve ser zero, pois não tem desculpa para o indívíduo que quer ser mau. Ele é um gasto ao governo, não traz nada de bom, lesa as pessoas de bem e ainda quer a tal da humanidade? Ah, sai pra lá, filho da puta! Porque essas pessoas não aprendem a ficar quietas no canto delas? Já que gostam tanto do mote "crime" e "drogas", porque elas não se ocupam com ações contra isso, em vez de se tornarem funcionários desse sistema?
"Ah, eu sou discriminado, é muito preconceito!" Já pensou, se todo mundo que procura validação, então resolve entrar para o crime? Estamos perdidos! Mas, basicamente, é o isso o que acontece. Crianças crescem sem educação devida de seus pais e daí, como a vida não tem o mesmo desleixo amor, elas vão para o crime. Uma espécie de vingança social contra todos nós, quando os culpados são os pais e o Estado, não a sociedade.
"Não é bem assim, você não pode generalizar". Bom, para tudo existem exceções, mas muito é sobre isso, sim. Você vê a criação de uma pobre criança onde a mãe é desbocada, o pai está nas drogas, a casa é uma bosta, ninguém tem vontade de ficar dentro de casa, então fica perturbando todo mundo na rua. A criança aprende que gritando e xingando se intimida e até consegue o que quer. A criança aprende que droga entorpece faz bem e ainda se ganha dinheiro. A criança aprende que ligar o som altíssimo é divertido, todo mundo ri, bebe, bate papo, então é muito legal, o vizinho que reclama é chato e, se encher o saco, deve ser intimidado, pois todo mundo tem o direito de curtir a felicidade de um som alto quando quiser.
"Mas tem muito mauricinho por aí que surfa no poder e na grana e faz tudo isso. Não é coisa de pobre, não, mas é o pobre que vai preso e blábláblá..." E por isso, então, deve-se passar pano, em vez de reforçar a toleância zero contra o crime, para todo mundo? Ricos são crueis. Estupram, muitas vezes, têm advogados poderosos, cometem vários tipos de crimes. São os primeiros que devem ser condenados, sem dó. Mas isso não quer dizer que devemos olhar com benevolência o outro lado, como se fosse um reparo social inocentá-los. A maldade é simplesmente a maldade. Pobre, rica, é má do mesmo jeito. É má! Não é vítima!
Mas, enfim, já nem lembro mais porque comecei a escrever isto. A coisa desanda quando surge esse tipo de assunto. A coisa sempre desanda quando essas coisas aparecem em qualquer momento da vida. Uma bosta de vida. Mas, quando vejo gente ainda pior por aí, eu reflito sobre quem sou, o que eu tenho, minha saúde, meu corpo, ergo os olhos para o céu e agradeço. Agradeço muito. Agradeço todo santo dia, pois eu sei que não custa nada para tudo piorar -- pois sempre pode piorar -- então que bom que estou suportando, que bom que (ainda) tenho coisas que alguns não têm e agradeço por isso.
Você já agradeceu a Deus, hoje? Não o culpe pelo que lhe acontece. O que a gente passa, muitas vezes, são frutos de nossas escolhas. Deus não tem nada a ver com isso. Às vezes, o universo até quis impedir, mas a gente insistiu, a gente quis porque quis! Então, agora, não cabe culpar as estrelas.


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