Hoje é o dia do escritor. Não vejo motivos para comemorar.
Existem escritores que ganham seu salário ao abastecerem os portais de notícias da internet, assim como os que registram ocorrências de diversos crimes praticados contra o seu semelhante. Entretanto, quando se fala na palavra "escritor", o que vem à mente são os autores de livros, contadores de histórias de ficção ou documentários da vida de alguém ou de algum fato. E é sobre esse tipo de escritor que prefiro focar quando digo que não há motivos para se animar.
Ele tem material para produzir seu livro. E quem escreve há algum tempo sabe o quão solitário e trabalhoso é o processo da produção do conteúdo de um livro. Se os fatos existem ou são inventados, isso pouco interessa no que diz repeito à organização do conteúdo no momento em que é colocado.
Horas e horas sentado em frente a uma tela e digitando em um teclado, esperando que o processador da máquina dê conta do recado. A rotina se repete por dias, semanas, até meses e meses. Escrevendo, lendo, relendo, reescrevendo e repetindo todo o ciclo e, depois, tudo outra vez.
Então, levando-se em conta que a publicação já é certa, que não precisa se preocupar com esse detalhe, o livro estreia para... ninguém. Após todo um trabalho onde a vida se passou ao seu redor, as estações do ano mudaram, pessoas se conheceram, se amaram e procriaram, outras se foram e não voltarão, o livro lançado não é de conhecimento de ninguém. Mesmo que seja, as prioridades de redirecionamento monetário não tornam prioritária sua aquisição.
Ninguém vai morrer de fome porque deixou de comprar um livro. Ainda nesse raciocínio, ninguém vai superar uma doença, nem reinventar a roda, muito menos usufri-lo como fonte de entretenimento, pois muitos são criados para essa finalidade, cegando-se em relação às tendências de predominância massiva do audiovisual com cada vez mais tecnologia, cores e efeitos, fazendo do telespectador o participante do que decorre à frente de seus olhos.
O livro digital, hoje reconhecido como "ebook", tem como alvo os adoradores da tela. Agora é possível ler Stephen King, ou as poesias de Fernando Pessôa, diretamente na tela.
Mas, quem quer?
Os números de leitores estão cada vez mais reduzidos. Algum trabalho é feito para apresentar a leitura às pessoas, mas o feito é perdido diante daqueles que se envaidecem e querem estipular o que consideram boa literatura. A pessoa descobre que aquilo que ela lê é classificada como lixo. Como você se sentiria ao estar no lugar dela?
Os superleitores superotimistas também não ajudam. Eles são repletos de boas intenções, é verdade, mas mostram um mundo que não é para todos, mas, sim, a quem se dedica a esse mundo da escrita. O carisma, o sorriso, a empolgação, o ato (de mostrar tantos títulos chegando) atira para longe a afinidade das pessoas, pois elas não se enxergam ali. A vontade de ler não vem.
E a vontade é algo muito complicado e difícil de se lidar. Por mais que tentem fórmulas, ações e eventos para estimular nas pessoas vontade de ler alguma coisa, a realidade é que a culpa pode não ser de nenhum dos superleitores, muito menos de quem se gaba pelos livros realmente literários que possui e julga mal os outros, a culpa pode não ser de nada, nem de ninguém, a não ser do próprio indivíduo que não tem, em si, a vontade de ler um livro.
É complicado. Ao mesmo tempo em que essa baixa literária parece ser responsabilidade de todo mundo, ela pode não ser da conta de ninguém. O tempos são outros. Como lidar com a vontade, ou melhor: a falta da vontade de ler um livro nesses tempos contemporâneos?
Para terminar, coloco um vídeo que fiz hoje, direcionado especialmente a quem deseja se aventurar como escritor(a) iniciante. Se é o seu caso, prezado(a) escritor(a), preste atenção na dica valiosa que eu dou.
Um abraço, até a próxima postagem.
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